Quanto à fauna, verifica-se a ocorrência das seguintes espécies, incluídas no Anexo II da Directiva Habitats: Lutra lutra (lontra), Lacerta schreiberi (lagarto-de-água), Chioglossa lusitanica (salamandra-lusitanica), Chondrostoma polylepis (boga), Rutilus alburnoides (Bordalo) e Euphydrya aurinia (lepidoptero). Verifica-se, além disso, a presença de diversas espécies incluídas no Anexo I da Directiva 79/409/CEE (Directiva Aves), como Circus pygargus (Tartaranhão-caçador), Hieraaetus pennatus (Águia-calçada), entre outras.
Observaram-se inúmeras espécies de todas as classes, desde invertebrados a mamíferos.Porém, apenas foram estudadas as principais classes com maior relevância, nomeadamente da Herpetofauna (anfíbios e répteis), das Aves e dos Mamíferos.
Anfíbios
A Serra da Gardunha possui habitats muito favoráveis para anfíbios, nomeadamente, linhas de água, turfeiras, charcos, florestas de folhas caducifólias, áreas de pastoreio, prados húmidos, entre outros. Estes habitats possuem uma boa cobertura vegetal e encontram-se relativamente bem conservados, mais ou menos ausentes de poluição. Até agora foram recenseadas 13 espécies de anfíbios, das quais duas são endémicas da Península Ibérica, Chioglossa lusitanica, espécie protegida pela Directiva Habitats e Rana iberica.
Existem duas espécies de relas na Gardunha, Hyla arborea e Hyla meridionalis, anuros de pequeno tamanho, podendo facilmente hibridar quando coexistem.
Durante as várias prospecções de campo nocturnas, observaram-se algumas espécies de sapos, como Bufo bufo, Bufo calamita e Alytes obstetricans.
No que diz respeito a rãs, foram observadas três espécies, Rana iberica, Discoglossus galganoi e a espécie mais abundante, Rana perezi. A espécie Rana iberica é endémica do noroeste da Península Ibérica, típica de zonas montanhosas e muito associada a cursos de água com abundante vegetação ripícola e prados húmidos. Entre as salamandras, encontram-se as espécies Chioglossa lusitanica, Pleurodeles waltl e Salamandra salamandra. A espécie Chioglossa lusitanica tem uma característica bastante comum nos lagartos e rara nos urodelos, possui como mecanismo de defesa a autotomia da cauda, isto é, quando ameaçada liberta a cauda que continua a mexer-se no intuito de distrair o predador enquanto foge, depois a cauda regenera-se.
Dentro dos tritões, observaram-se Triturus boscai e Triturus marmoratus.
Repteis
A Serra da Gardunha na sua vertente sul encerra afloramentos rochosos com uma grande diversidade de matos, enquanto que na vertente norte dominam florestas de Carvalhos e Castanheiros, fornecendo assim habitats propícios para a presença de répteis. Para algumas destas espécies, a água é imprescindível quer para perdurar quer para se reproduzir. Recensearam-se 12 espécies de répteis dos quais Lacerta schreiberi que consta na Directiva Habitats e é um endemismo ibérico.
Da família Emydidae, observou-se a espécie Mauremys leprosa (cágado-mediterrâneo).
Na Serra da Gardunha existem três espécies de lagartos, Anguis fragilis que é desprovido de membros e possui aspecto de cobra, Lacerta lepida o maior lagarto da Península Ibérica, podendo alcançar os 26 cm de comprimento e é presa de numerosas aves de rapina e Lacerta schreiberi. Este último, tem como particularidade, a capacidade do macho adquirir uma coloração intensa azul muito característica na garganta e nos flancos da cabeça, apenas durante a época de reprodução, enquanto que no resto do ano é esbranquiçada.
Foram também observadas duas espécies de lagartixas, Podarcis hispanica e Psammodromus algirus.
No que diz respeito às cobras, existem quatro espécies, Elaphe scalaris, Malpolon monspessulanus, Natrix natrix e Natrix maura. Estas duas últimas cobras vivem essencialmente em biótopos aquáticos. A espécie Malpolon monspessulanus é o maior ofídio presente na Península Ibérica, geralmente não superam os 2 m de comprimento total e possui dentes inoculadores de veneno na parte posterior da mandíbula superior, paralisando assim as suas presas, não sendo a sua mordedura perigosa para o homem.
Vipera latasti é a única espécie de víbora que se pode encontrar nos pontos mais altos da Serra da Gardunha, segundo dizeres populares. É uma cobra solenóglifa, possuindo dentes inoculadores de veneno na parte anterior da mandíbula superior. Produz um veneno com características proteolíticas, podendo ser potencialmente perigosa para o homem.
Avifauna
De todas as classes, esta é sem dúvida a mais representativa da Serra da Gardunha, com mais de 80 espécies de aves recenseadas. Devido à topografia da Serra da Gardunha, encontram-se numerosas aves de rapina, tanto diurnas como nocturnas. Nas espécies diurnas podemos observar duas aves protegidas pela Directiva Aves 79/409/CEE do Anexo I, Hieraaetus pennatus e Circus pygargus, verificando-se também a presença de Buteo buteo bem como de Milvus migrans, entre outras. Durante as prospecções nocturnas, foram observadas as espécies Otus scops, Athene noctua e Caprimulgus europaeus.
A Avifauna é representada maioritariamente pelos passeriformes, dos quais alguns são muito comuns e conhecidos, quer pelo seu canto, quer pela sua fisionomia. A encosta de Castelo Novo, bastante acidentada e com escarpas elevadas, é o local de predilecção para espécies como Corvus corax, enquanto que no mosaico de matos constituídos por urze, giestas, etc., podem-se encontrar espécies como Saxicola torquata, Emberiza cia e espécies cinegéticas como Alectoris rufa. É comum observar, nas planícies, numerosos indivíduos da espécie Ciconia ciconia, que edificam seus ninhos no cume de árvores, Ardea cinerea à procura de alimento junto a uma ribeira, junto aos bosques Parus major, Parus caeruleus, Aegithalos caudatus, Erithacus rubecula, Sylvia atricapilla e Sylvia cantillans.
Mamíferos
Foram recenseadas até à data, apenas 12 espécies de mamíferos. A maior parte, foram observadas durante as faroladas ou à beira da estrada atropelados, pôde-se deduzir a presença de algumas espécies devido aos vestígios ou pegadas deixadas. A espécie mais pequena observada é Erinaceus europaeus e Sciurus vulgaris que roí pinhas e bolotas.
Ocasionalmente, observou-se Mustela nivalis, Genetta genetta e Meles meles.
As espécies de mamíferos mais frequentes na Serra da Gardunha são Oryctolagus cuniculus, Vulpes vulpes e Sus scrofa. A espécie Capreolus capreolus também está presente na Serra da Gardunha, embora fosse introduzido há uns anos atrás.
In Candidatura Paisagem Protegida da Serra da Gardunha, Município de Castelo Branco e Fundão, 2012