Flora

No que respeita à flora, a vertente Norte caracteriza-se pela presença de habitats bem conservados de castinçais (Castanea sativa) e carvalhais de carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral ou carvalho-pardo-das-beiras (Quercus pyrenaica), aos quais surge associada a abrótea (Asphodelus bento-rainhae), endemismo lusitano exclusivo deste sistema montanhoso. Na vertente Sul, ocorre uma grande variedade de matos, entre os quais urzais e urzais-estevais mediterrânicos não litorais e comunidades de montanha de caldoneira (Echinospartum ibericum), um endemismo ibérico.

 A situação geográfica da serra da Gardunha, no limite da Cordilheira Central com as planícies da Beira Baixa, a imensa diversidade geológica e orográfica e o facto de ser uma zona de transição entre um clima mais oceânico e pluvioso e um clima mais mediterrânico e seco, permite a existência de vários habitats onde ainda prolifera uma fauna e flora diversificada.

Como já foi referido, a Serra da Gardunha faz parte da lista nacional de SIC da Rede Natura 2000, sendo considerada uma Zona Especial de Conservação (ZEC) no âmbito da directiva habitats (92/43/CEE), pois tem espécies de fauna e flora e comunidades vegetais de elevada importância para a conservação.

É actualmente um local do país que preserva ainda importantes valores naturais, apesar da forte intervenção humana. Trata-se do único local onde ocorre Asphodelus bento-rainhae (abrótea), ocorrendo também nesta serra 17 comunidades vegetais do Anexo I da Directiva Habitats (designadas como habitats naturais), destacando-se das comunidades consideradas prioritárias: charcos temporários mediterrânicos e florestas aluviais residuais (Alnion glutinoso-incanae).

Na Gardunha é possível encontrar espécies da Flora constantes no anexo B-II do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24 de Fevereiro, tratam-se de espécies vegetais de interesse comunitário cuja conservação exige a designação de zonas especiais de conservação. As espécies mais importantes são Asphodelus bento-rainhae e Festuca elegans. A vegetação natural e seminatural varia altitudinalmente e de acordo com as exposições das vertentes.

Na vertente Norte e Oeste dominam os bosques de Castanea sativa e bosques mistos de Quercus robur e Quercus pyrenaica com outras espécies arbóreas nomeadamente Sorbus latifolia e Sorbus torminalis. Nas linhas de água permanentes dominam Alnus glutinosa e Fraxinus angustifolia pontualmente Ulmus glabra e Corylus avellana e nas linhas de água temporárias Salix atrocinerea.

Os matos caracterizam-se por formações de giestas amarelas (Cytisus striatus e Cytisus grandiflorus) e urzais (Erica umbellata) com carqueja (Pterospartum tridentatum).

Na vertente Sul e Este dominam os bosques mistos de Quercus pyrenaica e Quercus suber. Nas linhas de água permanentes dominam Alnus glutinosa e Fraxinus angustifolia e nas linhas de água temporárias Salix atrocinerea. Os matos caracterizam-se por giestais de flor branca (Cytisus multiflorus) e estevais dominados por Cistus ladanifer.

A Zona cuminal não apresenta formações arbóreas e dominam os giestais, urzais (Erica australis) e caldoneira (Echinospartum ibericum) com depressões mais húmidas com pastagens seminaturais.

In Candidatura Paisagem Protegida da Serra da Gardunha, Municipio de Castelo Branco e Fundão, 2012

Fotografia por: David Caetano