A Serra da Gardunha

“A Serra da Gardunha é uma ramificação da Serra da Estrela que se localiza na zona ocidental do sistema central ibérico, fazendo a divisória entre a campina de Castelo Branco e a Cova da Beira, abrange uma área de 10.547 ha e compreende a zona Sul do concelho do Fundão, a zona Norte do concelho de Castelo Branco, a zona Oeste da Quinta de Monte Leal e a zona Este do Castelejo.

Pertence ao conjunto montanhoso denominado por Cordilheira Central, estende-se no sentido Nordeste/Sudoeste, numa extensão de 20 quilómetros por cerca de 10 quilómetros de largura e com uma altitude máxima de 1227 metros, na Penha, de onde, segundo o poeta José Régio, se avistam “terras de Espanha e areias de Portugal”.

A Serra da Gardunha apesar da sua pequena área geográfica apresenta uma diversidade biológica elevada, reunindo elementos característicos do norte, centro e sul do país que conferem particularidades únicas a este maciço montanhoso da Beira Interior.

Na Gardunha, também conhecida por Guardunha (palavra árabe que significa “refúgio”), o granito e xisto marcam presença. A água é outra constante. A diversidade paisagística e biológica que esta serra conserva está intimamente ligada à geomorfologia e petrologia da zona: as faixas de metamorfismo (gneiss) do complexo do xisto das beiras condicionaram as espécies (endemismos) e o uso do solo por parte do homem, estabelecendo uma perfeita harmonia.

A paisagem da serra revela uma forte componente de intervenção humana ao nível das áreas agrícolas, com especial destaque para os cerejais e áreas florestais de resinosas. No entanto, mantêm-se áreas ocupadas por formações naturais e semi-naturais detentoras de uma significativa e valiosa diversidade biológica.”

In Candidatura Paisagem Protegida da Serra da Gardunha, Municipio de Castelo Branco e Fundão, 2012

Fotografia por: David Caetano

A Presença Humana

A Serra da Gardunha assume-se como um relevo histórico e cultural de transição, um território de destinos e de milenares passagens, cujos movimentos se expressaram com maior ou com menor profundidade e se enraizaram na paisagem, a qual, ao longo dos séculos, foi sempre mutante.

Durante a Idade Média, os ecossistemas serranos eram dominados por uma densa e variada vegetação de espécies caducifólias (carvalhos e castanheiros) de que já só resta a memória e a toponímia. Esse manto verde espontâneo foi modificado com a introdução de novas espécies. Na paisagem pré-romana destacavam-se então os povoados com as suas cinturas amuralhadas onde viviam populações sustentadas numa economia de base essencialmente de base agropastoril.

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Flora

No que respeita à flora, a vertente Norte caracteriza-se pela presença de habitats bem conservados de castinçais (Castanea sativa) e carvalhais de carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral ou carvalho-pardo-das-beiras (Quercus pyrenaica), aos quais surge associada a abrótea (Asphodelus bento-rainhae), endemismo lusitano exclusivo deste sistema montanhoso. Na vertente Sul, ocorre uma grande variedade de matos, entre os quais urzais e urzais-estevais mediterrânicos não litorais e comunidades de montanha de caldoneira (Echinospartum ibericum), um endemismo ibérico.

 A situação geográfica da serra da Gardunha, no limite da Cordilheira Central com as planícies da Beira Baixa, a imensa diversidade geológica e orográfica e o facto de ser uma zona de transição entre um clima mais oceânico e pluvioso e um clima mais mediterrânico e seco, permite a existência de vários habitats onde ainda prolifera uma fauna e flora diversificada.

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Fauna

Quanto à fauna, verifica-se a ocorrência das seguintes espécies, incluídas no Anexo II da Directiva Habitats: Lutra lutra (lontra), Lacerta schreiberi (lagarto-de-água), Chioglossa lusitanica (salamandra-lusitanica), Chondrostoma polylepis (boga), Rutilus alburnoides (Bordalo) e Euphydrya aurinia (lepidoptero). Verifica-se, além disso, a presença de diversas espécies incluídas no Anexo I da Directiva 79/409/CEE (Directiva Aves), como Circus pygargus (Tartaranhão-caçador), Hieraaetus pennatus (Águia-calçada), entre outras.

Observaram-se inúmeras espécies de todas as classes, desde invertebrados a mamíferos.Porém, apenas foram estudadas as principais classes com maior relevância, nomeadamente da Herpetofauna (anfíbios e répteis), das Aves e dos Mamíferos.

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